O Mistério do Trabalho

Por Antonio de Oliveira Lima

Quisera que fosse erro

Como em outros textos meus

O título desse poema

Com duas letras a menos
Mas fiz assim de propósito

Para chamar sua atenção

Para um tema nada ameno
Que atormenta a nação

Somente quem acompanhou
Os últimos noticiários
Entenderá do assunto 
Que neste poema falo
Sem métrica e as vezes sem rima
Escrevo mal mas não calo

Não sei qual é o mistério

O coringa do baralho

Mas tem algo muito estranho

No Ministério do Trabalho

Que apoiou a terceirização

E todo tipo de precarização

Nas relações de Trabalho

Já faz tempo que se espera

Que chegue lá um bom gestor

Quem cumpra bem sua missão

E não explore o trabalhador

Que defenda os operários

E não o explorador

O último que lá esteve

Despeitou totalmente o cargo

A ponto de enfraquecer

A luta contra o trabalho escravo

Fazendo uma portaria

Para abolir a Lei Aurea

Agora com sua saída

E o recuo da portaria

Esperava-se uma trégua

E que a ordem voltaria

Mas infelizmente o problema

Ainda está na pauta do dia

É que o novo titular da pasta

Não se sabe quem será

A confusão do Planalto

Está longe de acabar

É briga de cachorro grande

Mas a reação do povo

É pacífica como a de um cachorro

Com o rabo a abanar

O primeiro que se convidou

Era alguém do Maranhão

Mas logo lhe veio o veto
De um antigo aliado e atual desafeto
Alguém que quer mandar na nação

Embora o seu mandato

Tenha acabado há um tempão

Em razão disso se cogitou

Em alguém vindo do Sul

Mas a coisa não foi para frente

Porque logo a imprensa lembrou

A ocasião em que ele confessou

Desprezar a opinião da gente

Foram ao Rio de Janeiro

Buscar uma solução

No nome de uma família

Implicada no Mensalão

Mesmo todos sabendo 
Não ser uma boa opção

É que a pessoa indicada

Sofreu uma condenação

Em reclamação trabalhista

E descumpriu a decisão

E para o povo confundir

Tentou por último impedir

Do fato a divulgação

Como o caso veio à tona

Não se sabe no que vai dar

Mas se a nomeação foi feita

A coisa vai piorá
Na Câmara dos Deputados

A lista dos condenados

Mais uma vez crescerá

E não falo de um crime comum

Que por si só já seria indecente

Mas de um crime hediondo

Que revoltou muita gente

A horrenda exploração sexual

De criança e adolescente

E agora que já sabemos

De todo esse esquema

Vamos silenciar de novo
e manter nosso dilema,
ou tomar uma atitude 
para solucionar o problema?

Não podemos nos conformar

Nem achar que isso é normal

Vamos enfrentar o problema

Reagir de igual para igual

Porque é no silêncio dos bons

Que cresce o barulho dos maus